Improvisação

Invenção caseira para garantir mobilidade

Diante do AVC da mulher, o canguçuense José Lino Dias criou um elevador com aproveitamento de materiais e custo baixo

Paulo Rossi -

Colocar a cabeça para maquinar, em meio a fios, peças, componentes eletrônicos e ferramentas, sempre fez parte do dia a dia do mecânico industrial José Lino Dias, 72. Ao longo de toda a carreira. Um dos maiores desafios, entretanto, surgiu durante a aposentadoria. Dentro de casa, foi depois de a mulher sofrer um acidente vascular cerebral (AVC), em 29 de dezembro. De repente, José Lino, se viu provocado a buscar uma solução que permitisse a circulação de Juraci Dias, 70, por todo o sobrado, mesmo com as limitações de movimento do lado esquerdo.

Um elevador caseiro iniciava, então, a ganhar forma. E o melhor: trazia ânimo e qualidade de vida à companheira com quem compartilha os dias há 45 anos. “Fiz uma primeira viagem com ela nos braços, mas precisava encontrar uma solução”, conta o canguçuense. “Me vi embretado”, resume. Era hora de partir às criações. Foi o que José Lino fez, ao ir em busca de materiais e verificar medidas que permitissem tirar a ideia da “cachola”.

O mecânico fez contato com amigos, conseguiu um guincho eletrônico emprestado, mediu a inclinação da escada e se foi à oficina analisar as sobras de antigas invenções. Em seguida estava traçado o projeto. Dois pedaços de madeira se transformaram em trilhos. A poltrona de uma Mercedinha 608, e as rodinhas que estavam guardadas à espera de novo uso, viravam os principais itens para começar a criar a cadeira que possibilitaria à dona Juraci ser levada até o andar superior, com auxílio do guincho eletrônico fixado à parede.

Uma estrutura de ferro - calculada para assegurar estabilidade -, um cinto de segurança e uma alça móvel também de metal, para evitar solavancos da cadeira ao passar dos trilhos ao piso do sobrado. Tudo bem simples, mas minuciosamente pensado para garantir conforto e evitar possíveis acidentes.

Ao ver a invenção provocar curiosidade entre os canguçuenses, o mecânico garante: pode repassar orientações, sem custos. Na família, os motivos para agradecer só crescem. A mulher Juraci já colhe os resultados das três sessões semanais de fisioterapia e, aos poucos, tem recuperado a firmeza da perna esquerda e se animado a dar passos curtos por dentro de casa. “Me disseram que 70% da recuperação é força de vontade”.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Tetraneta quer resgatar a história da cigana Terena Anterior

Tetraneta quer resgatar a história da cigana Terena

Interação entre público e entidades carnavalescas marca fim da folia Próximo

Interação entre público e entidades carnavalescas marca fim da folia

Deixe seu comentário